Um desabafo.
Eu pensei que a Igreja fosse o prefiguração do Reino de Deus. Eu pensei que a "sociedade" eclesial fosse diferente de como é o mundo, apesar de estar no mundo. Eu pensei que a Igreja fosse o espaço onde todas e todos fossem tratadas como irmãs/irmãos, filhas e filhos do mesmo Pai, e tendo um grau de parentesco com o Filho.
Eu não imaginei que o seriamos vassalos de Igreja. Nem que fossemos empregados de, nem sei dizer que categoria, da Igreja. Pensei que seríamos como os filhos/filhas do Pai Misericordioso que esperou o retorno do filho, todos os dia.
Eu pensei que a Igreja fosse portadora da água viva que brotou ao largo do poço de Jacó. E geraria uma água nova, que fizesse coisas novas. Que gerasse vida nova.
Eu pensei que a Igreja fosse acolhedora. Que dentro dela não haveria racismo, nem homofobia, nem misogenia, nem leis que impedissem as pessoas de se aproximar dos sinais de fé, sacramento.
Hoje vejo que a Igreja precisa ser, verdadeiramente, reformada, como Deus pediu a Francisco de Assis. Que a Igreja precisa ser o redil das ovelhas perdidas, desgarradas, abandonadas, esquecidas, discriminadas.
Percebo que a Igreja precisa acolher o Espírito Santo que faz novas todas as coisas. Que mostra que o Pai está nos pequeninos e nos fracos.
Sim. Creio nessa Igreja. Una com todos os povos, com todos os jeitos de expressar o amor e o bem. Creio nessa Igreja Santa. Santa porque nasce do coração traspassado de Jesus pela lança do mal. Mas que não sucumbiu a investidura do pai das trevas. Creio nessa Igreja Católica. Porque se faz universal na diversidade de povos, de culturas, de línguas, de ritos celebrativos.
Creio no Espírito Santo que nos dá a vida. Que nos faz vermos como irmãs e irmãos, tal como Jesus, que louvou o Pai por esconder essas coisas dos sábios e entendidos, e ter revelado tudo aos pequeninos.
Creio no Filho que veio ao mundo para nos revelar o Pai e sua vontade. Que habita com Pai. Que faz a vontade do Pai. Se alimenta da palavra do Pai.
Creio em Maria, mãe de Jesus. Acolheu a palavra de Deus. Aceitou receber o salvador. Correu o risco de ser apedrejada por estar grávida antes do casamento. Creio nessa mulher forte, guerreira. Que cantou as maravilhas de Deus. Que enxergou um Deus que derruba dos tronos os poderosos. Que despede os ricos de mãos vazias. Que exalta os humildes. Que olha para a humildade de sua serva, e de todos os seus servos. Que fez/faz grande o nome de todos os que são humildes (bem aventurados os humildes, porque possuirão a terra).
Bem, sigo em frente. Sei que nosso tempo não é o tempo de Deus. Além disso, aguardo a Jerusalém Celeste que há de voltar. A cidade santa para a qual fomos criados. Amém.
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