De Paulo Junnyor Manolo
"Sabe por que o abraço de Drauzio choca tanto? Porque ele foi dado a quem não merecia.
Na Bíblia, isto é chamado de graça. E a graça escandaliza os religiosos desde os tempos bíblicos.
Ela, a graça, voltou a escandalizar. Hoje viralizou nas redes o relato sobre os crimes cometidos por Suzy, a transsexual que foi abraçada pelo médico.
Raivosos, muitos começaram a desferir agressões a Dráuzio Varella. "Defensor de bandido e de pedófilos!", foi o que de mais delicado se escreveu contra ele.
A reação, em geral, vem dos apoiadores do mesmo político que já elogiou, por exemplo, Alfredo Stroessner, o ditador paraguaio que assassinou diversas pessoas e estuprou meninas, durante o seu regime. Mas Stroessner era hétero e isto parece pesar mais no julgamento dos adoradores do mito.
Em sua resposta, Varella disse que jamais perguntou aos pacientes, aos quais trata voluntariamente nos presídios, o que eles fizeram. E justifica: "evito perguntar para que o meu julgamento pessoal não me impeça de cumprir o juramento que fiz como médico".
Enquanto a Bíblia diz "quanto depender de vós, tende paz com todos os homens", muitos religiosos reagem afirmando "para ter minha ajuda, tem que merecer".
Enquanto a Bíblia ordena "se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber", certos religiosos reagem dizendo: "precisa saber quem é, para depois ajudar".
Suzy não merecia um abraço, ela precisava dele. Nós não merecemos o perdão de Deus, precisamos dele. E só a graça explica quando Suzy é abraçada e nós somos perdoados.
O não merecimento não está no gênero de quem recebeu o afago, mas na condição humana. "Todos pecaram", disse o salmista.
Ninguém, portanto, merece.
Jesus orou perdoando a quem o torturava e o assassinava. Um abraço, portanto, é algo até pequeno.
O abraço não fala sobre quem Suzy é, fala sobre quem Dráuzio é. E se um ateu pode dispensar graça ao próximo, os cristãos deveriam se envergonhar quando não o fazem.
Eu entendi facilmente o abraço de Dr.Varela,fazemos isto como Pastoral,não bj ou se cabe julgar e condenar, a intenção dele é cristã.
ResponderExcluirLinda reflexão. Se Jesus não faz distinção entre pessoas e ama a todos, quem somos nós para julgar e condenar alguém, se também nós somos cheios de pecados? É Jesus mesmo quem nos adverte a não julgar ninguém, pois com a mesma medida com que medirmos, seremos medidos.
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