Páscoa - Ressurreição - Diaconato


Páscoa - Ressurreição - Diaconato

Desde o fim da segunda semana da Páscoa, os textos da liturgia diária propostos para a Primeira Leitura são tirados dos Atos dos Apóstolos, do capítulo 6 ao 8. É a parte onde se fala da criação e atuação dos diáconos.

Ousaria dizer que a criação do ministério diaconal é um fruto da Ressurreição de Jesus. Em vários momentos, Jesus diz que ele veio como servo, que veio para servir e não para ser servido. Ele mostra um Deus servidor da humanidade. Um Deus que se coloca ao lado da humanidade para resgatá-la da sua situação miserável de existência. Santo Inácio de Loyola, nos Exercícios Espirituais, aos propor a meditação da Encarnação, ele diz: "Lembrar a história do que quero contemplar: como as Três Pessoas divinas olhavam toda a superfície plana ou curva do mundo, cheia de gente, vendo como todos desciam ao inferno, determinam, em sua eternidade, que a Segunda Pessoa se faça homem, para salvar o gênero humano" (EE102). É Deus vindo ao encontro da humanidade por opção.

Logo que a comunidade cristã começa a crescer, aparecem os conflitos. Isso é natural. Faz parte do ser humano. Para solucionar o problema apresentado, a história conhecemos (At 6,1-7), os apóstolos orientam a comunidade que escolham pessoas para fazer o serviço das mesas. Naquele momento, os apóstolos percebem que a missão é maior do que eles próprios podem fazer. Percebem a necessidade de ter colabores próximos para continuar a Missão. Lembremos, "Vós sereis minhas testemunhas". 

Da escolha daqueles sete discípulos, chamados de Diáconos, destacam-se, em especial, dois deles, Estêvão e Filipe. Eles não ficaram apenas presos à mesa da comida, da refeição. Partiram em missão. Pregavam a Palavra de Deus. Batizavam. Foram além do que lhes fora designado. "O Espírito sopra onde quer". O texto dos Atos dos Apóstolos diz que os irmãos de origem grega deveriam escolher sete homens repletos do Espírito.

Desde então, os diáconos estiveram presentes na Igreja para serem o sinal da presença do Cristo servidor. Do Cristo que se ajoelhou diante da humanidade para lhes lavar os pés. Do Cristo que aceitou ser contado entre os malfeitores em resgate dos seres humanos. Do Cristo servo.

Em nossos dias, os Diáconos representam a face do Cristo que serve, e não é servido. São ordenados para estarem nas periferias existenciais, territoriais, políticas e sociais. O Diácono é um missionário em saída. Ele é para "fora da Igreja", para a missão ad-extra. 

O Diácono é solidário com as dores do mundo, com as lutas por direitos, por salário digno. O Diácono está ao lado da classe trabalhadora, dos sem teto, dos sem terra. Junto aos que sofrem vendo seus filhos e filhas serem assassinados pelo Estado. Junto aos que sofrem discriminação pela opção sexual que fizeram, ou pela cor da pele. Estão juntos aos que defendem a natureza, a pesquisa, a ciência. Os Diáconos são contra toda e qualquer política pública que pregue a morte, o extermínio, a tortura.

Se sua comunidade tem um um diácono, valorize essa vocação. Estude. Leia. Compreenda. 

A maior representação iconográfica do diaconato é o Lava-Pés. 

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