Maria Madalena.
Neste dia te convido a pensar em Maria Madalena, discípula do Senhor e apóstola dos apóstolos. Aquela que, segundo os relatos da ressurreição, foi quem vivenciou por primeiro o encontro com o Ressuscitado e por Ele foi instruída a anunciar aos demais apóstolos a ressurreição.
Ainda que a Bíblia relate que é Maria Madalena quem viu o Ressuscitado por primeiro, o que se seguiu foi quase um esquecimento da tradição que remonta a Maria Madalena. Ao longo da história da Igreja, parece que houve maior atenção e devoção a uma certa “Maria Madalena penitente” que propriamente à Apóstolas dos Apóstolos, título que o Papa Francisco recuperou. Aliás, ele também instituiu a festa de Maria Madalena com o mesmo status que a Igreja dá à celebração dos demais apóstolos.
A morte de Jesus foi vivida de modos diferentes entre seus discípulos. Para os homens, a morte de Jesus foi algo vergonhoso, humilhante e que impediu seus desejos de futuro. Eles desejavam que Jesus implantasse seu Reino e os colocasse à frente das 12 tribos de Israel com um lugar de destaque, de juiz ou de governo. A morte de Jesus os frustrou profundamente. Os discípulos de Emaús são um bom exemplo. Eles dizem “esperávamos’ e fogem afundados na tristeza.
Para as mulheres, a morte de Jesus foi vivida na solidariedade e na identificação de suas dores. O Senhor, a quem elas amavam tanto, ao morrer na cruz, se aproximava do sofrimento que elas viveram ao longo de sua vida e, sobretudo, no tempo em que ainda não haviam encontrado a Jesus. Por isso, elas não experimentam uma desilusão, sentem dor e identificação com o crucificado. Por esta razão, foram capazes de permanecer junto à cruz e no domingo de madrugada não se aguentam em casa na ansiedade de prestar uma derradeira homenagem ao Senhor de suas vidas.
De Maria Madalena o Evangelho de Lucas diz que “Jesus expulsou sete demônios”. Isso significa que antes de encontrar-se com Jesus, Madalena vivia totalmente fragmentada na vida. Jesus lhe terá dado os sete dons do seu Espírito: amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, doçura, domínio de si. Jesus terá lhe dado a unificação de seu ser. Jesus lhe terá dado a dignidade de pessoa humana, de filha de Deus que até então ela nunca havia sentido. Jesus a olhava como uma irmã e não como um objeto a ser usado ou uma escrava a ser oprimida.
Podemos imaginar a surpresa de Maria Madalena quando da primeira vez que sentiu sobre si o olhar livre, bondoso e acolhedor de Jesus. Esse relato não se encontra nas Escrituras, mas podemos perceber que o olhar de Jesus a Madalena teria sido igual ao olhar que Jesus lançou sobre Zaqueu e o fez experimentar a alegria e a salvação; ou o olhar que Jesus lançou sobre Mateus e o fez ressuscitar e sonhar com uma vida absolutamente nova no seguimento de Jesus.
Jesus olhou Madalena e ela sentiu algo que nunca havia sentido até então. Sentiu-se subitamente elevada à uma condição de dignidade que nunca tinha experimentado. Percebeu que podia confiar naquele que a acolhia e tinha a certeza de que podia responder, deixando tudo para trás, ao seu convite de discipulado. E no grupo de Jesus, Maria Madalena encontrou paz e experimentou uma vida absolutamente nova.
A morte de Jesus transpareceu a Madalena não como uma derrota ou fechamento para o futuro. Ela não esperava nada porque ao lado de Jesus e no seu seguimento, tinha tudo. Não tinha ambição e nem esperava que Jesus implantasse um reino. Jesus preenchia todo o seu coração e servi-lo era sua maior alegria. Só estar com Ele bastava.
A morte de Jesus representou o fim dessa convivência e o medo que tomou conta de seu coração foi o medo de retornar aquela vida de fragmentação que vivera antes de conhecer Jesus. Por esse motivo que ela quer de todo modo continuar servindo a Jesus e a noite que apossou-se de seu coração a fez buscar no meio dos mortos o seu Senhor.
No Evangelho de João encontramos o relato do encontro de Madalena com Jesus. Madalena veio buscar o Senhor no túmulo, ainda noite. Encontra o túmulo vazio e duas figuras divinas. Ela chora e eles lhe perguntam o motivo. Ao que ela responde que “levaram seu senhor e ela não sabe onde o puseram...”. Vem Jesus. Ele o toma como se fosse um jardineiro. Não o reconhece pela vista porque seus olhos estão tomados pelo choro. Vai reconhece-lo quando ele a chama por seu nome: “Maria”. A fé nos chega pelos ouvidos. Que modo carinhoso seria o modo como Jesus falava a Madalena que descobre o Ressuscitado quando o Jardineiro lhe chama do mesmo modo. Tudo é revestido pela vida nova: o cemitério se transforma em jardim; não há coveiro, mas jardineiro. Madalena que chorava, agora vai anunciar a boa nova de ressurreição. Novo dia, nova criação em Jesus Ressuscitado.
por Pe. José Passos da Silva,sj*
Ainda que a Bíblia relate que é Maria Madalena quem viu o Ressuscitado por primeiro, o que se seguiu foi quase um esquecimento da tradição que remonta a Maria Madalena. Ao longo da história da Igreja, parece que houve maior atenção e devoção a uma certa “Maria Madalena penitente” que propriamente à Apóstolas dos Apóstolos, título que o Papa Francisco recuperou. Aliás, ele também instituiu a festa de Maria Madalena com o mesmo status que a Igreja dá à celebração dos demais apóstolos.
A morte de Jesus foi vivida de modos diferentes entre seus discípulos. Para os homens, a morte de Jesus foi algo vergonhoso, humilhante e que impediu seus desejos de futuro. Eles desejavam que Jesus implantasse seu Reino e os colocasse à frente das 12 tribos de Israel com um lugar de destaque, de juiz ou de governo. A morte de Jesus os frustrou profundamente. Os discípulos de Emaús são um bom exemplo. Eles dizem “esperávamos’ e fogem afundados na tristeza.
Para as mulheres, a morte de Jesus foi vivida na solidariedade e na identificação de suas dores. O Senhor, a quem elas amavam tanto, ao morrer na cruz, se aproximava do sofrimento que elas viveram ao longo de sua vida e, sobretudo, no tempo em que ainda não haviam encontrado a Jesus. Por isso, elas não experimentam uma desilusão, sentem dor e identificação com o crucificado. Por esta razão, foram capazes de permanecer junto à cruz e no domingo de madrugada não se aguentam em casa na ansiedade de prestar uma derradeira homenagem ao Senhor de suas vidas.
De Maria Madalena o Evangelho de Lucas diz que “Jesus expulsou sete demônios”. Isso significa que antes de encontrar-se com Jesus, Madalena vivia totalmente fragmentada na vida. Jesus lhe terá dado os sete dons do seu Espírito: amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, doçura, domínio de si. Jesus terá lhe dado a unificação de seu ser. Jesus lhe terá dado a dignidade de pessoa humana, de filha de Deus que até então ela nunca havia sentido. Jesus a olhava como uma irmã e não como um objeto a ser usado ou uma escrava a ser oprimida.
Podemos imaginar a surpresa de Maria Madalena quando da primeira vez que sentiu sobre si o olhar livre, bondoso e acolhedor de Jesus. Esse relato não se encontra nas Escrituras, mas podemos perceber que o olhar de Jesus a Madalena teria sido igual ao olhar que Jesus lançou sobre Zaqueu e o fez experimentar a alegria e a salvação; ou o olhar que Jesus lançou sobre Mateus e o fez ressuscitar e sonhar com uma vida absolutamente nova no seguimento de Jesus.
Jesus olhou Madalena e ela sentiu algo que nunca havia sentido até então. Sentiu-se subitamente elevada à uma condição de dignidade que nunca tinha experimentado. Percebeu que podia confiar naquele que a acolhia e tinha a certeza de que podia responder, deixando tudo para trás, ao seu convite de discipulado. E no grupo de Jesus, Maria Madalena encontrou paz e experimentou uma vida absolutamente nova.
A morte de Jesus transpareceu a Madalena não como uma derrota ou fechamento para o futuro. Ela não esperava nada porque ao lado de Jesus e no seu seguimento, tinha tudo. Não tinha ambição e nem esperava que Jesus implantasse um reino. Jesus preenchia todo o seu coração e servi-lo era sua maior alegria. Só estar com Ele bastava.
A morte de Jesus representou o fim dessa convivência e o medo que tomou conta de seu coração foi o medo de retornar aquela vida de fragmentação que vivera antes de conhecer Jesus. Por esse motivo que ela quer de todo modo continuar servindo a Jesus e a noite que apossou-se de seu coração a fez buscar no meio dos mortos o seu Senhor.
No Evangelho de João encontramos o relato do encontro de Madalena com Jesus. Madalena veio buscar o Senhor no túmulo, ainda noite. Encontra o túmulo vazio e duas figuras divinas. Ela chora e eles lhe perguntam o motivo. Ao que ela responde que “levaram seu senhor e ela não sabe onde o puseram...”. Vem Jesus. Ele o toma como se fosse um jardineiro. Não o reconhece pela vista porque seus olhos estão tomados pelo choro. Vai reconhece-lo quando ele a chama por seu nome: “Maria”. A fé nos chega pelos ouvidos. Que modo carinhoso seria o modo como Jesus falava a Madalena que descobre o Ressuscitado quando o Jardineiro lhe chama do mesmo modo. Tudo é revestido pela vida nova: o cemitério se transforma em jardim; não há coveiro, mas jardineiro. Madalena que chorava, agora vai anunciar a boa nova de ressurreição. Novo dia, nova criação em Jesus Ressuscitado.
*Pe. José Passos da Silva,sj
Pároco da Paróquia São Francisco Xavier,
Bairro Tupi - Belo Horizonte.
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