"Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?" (Jo 4,40).

XX


«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» (4, 40).

Ao assistir ontem o momento de oração do Papa Francisco para que a pandemia do coronavirus possa ser debelada, fiquei imaginando como fazer o roteiro.

1º. O Papa sobre sozinho a colina do Vaticano até o altar, enquanto um coro entoa uma canção ao fundo, somente as vozes. 
Explicação. Nesse momento, sem fala alguma, queremos recordar a subida de Moisés ao Sinai para ter seu momento de diálogo com Deus. Aqui, o Papa Francisco, repete o mesmo gesto.
Ainda mais, Jesus que caminha solitário para o Deserto para ser tentado pelo demônio. É preciso passar pela purificação dos "afetos desordenados" (Inácio de Loyola) para estar habilitado para o trabalho de Deus. 

E acrescentamos, o Calvário, o lugar da cruz. O sepulcro silencioso. O aparente abandono de Deus: "meu Deus, meu Deus porque me abandonastes".
O Papa sobre sozinho.

2º . Passa-se à leitura do evangelho. O escolhido foi o da tempestade acalmada. Os que estão na barca estão atemorizados pela ventania. Ondas altas. O barco batendo, virando. E Jesus? Dormindo! Dormindo? Sim, dormindo. 
O Papa passa à pregação. Fala dos sofrimentos. Fala dos momentos de tormentos pelos quais estamos passando. Reconhece-se pequeno e temeroso. Mas, coloca sua confiança em Deus. É ele que acalma as tempestades. É ele que tem autoridade sobre os ventos. É ele que vem ao nosso encontro para nos acalmar. Palavras de conforto, de esperança, de paz. Diante de governantes que querem nos levar ao desespero, o Papa nos traz palavras de conforto, e de esperança.

3º. Ele se dirige à cruz de Cristo. Uma cruz que passou por outra pandemia. Uma cruz que trouxe esperança e cura. Uma cura que livrou a humanidade da catástrofe. Diante da  cruz, símbolo máximo do sofrimento, mas também, símbolo do amor que é doação, que é redenção, ele para. Contempla. Ora em silêncio.
Em seguida, vai ao ícone da mãe de Jesus. Ela tem os filhos no braço. Ela nos deu seu Filho para que pudéssemos fazer parte do Reino de Deus. 

4º. Jesus, nascido de uma mulher, pregada na cruz, se faz presente no meio de nós pela EUCARISTIA, corpo e sangue de Jesus. Eucaristia que restaura, que alimenta, que purifica, que traz vida nova. Eucaristia que nos remete aos que sofrem. Aos que estão infectados pela covid-19. Aos que dedicam sua vida para cuidar, para tratar, para amenizar os sofrimentos alheios. 
E por esse Cristo-Eucarístico, recebemo a benção de Deus das mãos do Papa. Temos nossos pecados perdoados. Somos chamados a uma vida nova. A novas relações sociais. A nos preocuparmos mais com os outros. E saber que todos/todas tem direito à vida. Que os bens devem partilhados, tantos os materiais quanto os espirituais. Que não estamos só no planeta. Que "tudo está interligado". Da mesma forma que podemos ser portadores do vírus, somos chamados a sermos portadores da boa nova de Jesus.

E assim se encerra. Do mesmo jeito que começou, no Silêncio da praça, no silêncio do coração. 

Mas aquela praça não estava vazia, como muitos podem pensar. Naquela praça estava o mundo, o planeta. Como no Gólgota toda a humanidade fora resgatada, na Praça de São Pedro, na colina do Vaticano, toda a humanidade pede perdão, e se vê restaurada. 

Fim!

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